No passado dia 29 de Maio, o relógio marcava 23h00 aquando da nossa (David e Diogo) chegada à Serra de Santo António. Olhamos para o mapa da Serra e queríamos ir em direcção ao Vale dos Pombos. Estávamos em território desconhecido, pelo que decidimos parar o carro para perguntar informações sobre a localização da gruta do Algar da Marradinha I e II, e em que localidade se estava ao certo.
Encontrámos um café e paramos o carro. Munidos do livro “Lapas e Algares da Serra de Santo António” entramos no café, (…) «Sai dois cafés se faz favor, um é cheio!» (…), nisto aproveito para perguntar ao dono do “Café Pastelaria Santo António” indicações sobre a nossa localização. Pergunto como se chama a localidade onde estávamos, ao que me responde (…) «Santo António!» (…) ao que digo (…) «Serra de Santo António?...mas como se chama a localidade?» (…), e mostro-lhe o mapa da Serra. Ele olha e lá indica a localidade da Bajanca. Pergunto de seguida se nos sabe dizer como ir para as grutas Algar da Marradinha, ao que me diz (…) «há cerca de 5minutos acabou de sair do café um espeleólogo conhecedor das grutas existentes em Santo António!» (…), uns minutos mais cedo e tínhamos tido sorte, mas ainda nada estava perdido.
Acabamos de beber o café e dirigimo-nos até á esplanada. Ali na esplanada encontravam-se cerca de 12 habitantes munidos das suas “médias” e “minis” (patrocínio acabo da Sagres). Pergunto a um deles se me sabe dizer onde ficam os Algares da Marradinha. Já tocado ele responde que não sabe o que é, nem onde fica, então é quando alguém me pergunta para onde quero ir, ao que respondo (…) «Algar da Marradinha!» (…), «há!.. sei onde fica, vais aqui por esta estrada!» (…), e começa a dar a indicação do caminho, quando outro individuo diz que conhece outro caminho mais perto, e nisto começam a discutir os dois qual é o caminho mais próximo, a certo ponto já todos, os que se encontravam na esplanada, começam a falar connosco sobre grutas e as suas localizações. Nisto um deles vai buscar uma caneta, e um bocado de papel, e desenha um pequeno mapa com a indicação do Algar da Marradinha II.
Passado um bocado dizem que nos levam ao local exacto dos Algares (Marradinha I e II). Seriam os guias: Vasco na sua zundapp toda artilhada, mais Cláudio e Pedro no wolksvagem golf artilhado para todo-o-terreno. Saímos do café atrás deles, andamos cerca de 1km em estrada alcatroada e entramos num caminho de terra batida. A certo ponto deixamos de ver o volksvagem TT, e de repente aparece um tractor atrás de nós, avançamos mais um bocado e encostamos o carro para o deixar passar, quando afinal quem vinha no tractor era o Cláudio, que o tinha ido entretanto buscar à “Vacaria” que era do seu patrão. Então avançamos atrás do Cláudio mais uns 200metros e tivemos de deixar o carro, pois o caminho para a frente era mesmo para tractores e jipes, ou “wolksvagens” artilhados.
Diogo vai com o Cláudio e o Vasco no tractor, e eu vou com o Pedro no volksvagem, aquela máquina do todo-o-terreno. Pedro diz para eu não me preocupar que já andou em caminhos pior com a sua máquina. Mas chegamos a um ponto que o carro dele tem de encostar e vamos os 5 no tractor. Era perto da 1h30da manha e lá íamos nós de tractor numa visita guiada ao território dos Algares. Chegamos ao local e com recurso às potentes luzes do tractor, indicaram-nos o Algar da Marradinha II. De seguida andamos mais uns metros e estávamos junto ao Algar da Marradinha I (ficava no terreno do pai do Cláudio).
Voltamos então depois para o café para beber um copo com o pessoal e agradecer a disponibilidade e atenção de todos. Estivemos ali no café e não demos pelo tempo passar, às tantas eram só “médias” e “minis” a passar pelas mãos, nem sabia quem as estava a pagar, eram umas atrás das outras. Ali estivemos no convívio com o pessoal da Bajanca até perto das 4h30. Quando estávamos para ir embora, ainda decidimos mostrar o material de espeleologia ao pessoal.
Às tantas o Samuel (que também era um conhecedor da localização de muitas grutas na zona) pergunta quem alinha ir até um Bar conhecido ali na zona, e beber mais uns copos. Olhamos para o relógio era já perto das 5h00, mas decidimos ir com o pessoal ver o tal Bar. Lá fomos nós com o Samuel o Pedro o Cláudio e o Vasco. Saímos do bar já era de dia, perto das 7h00 da matina. Quando vínhamos a caminho da Bajanca, o Samuel recebe um sms de uma fonte sua, a alertar para operação Stop numa zona em que íamos por acaso passar, então atalhamos por um caminho alternativo. Despedimo-nos do pessoal, e fomos para o Algar da marradinha II para dormir um bocado, mas ao chegar lá pegámos no material e fomos para o Algar, já não valia a pena dormir 1 ou 2 horas. Entramos com uma directa no Algar e começamos a nossa visita.
Saímos do Algar para almoçar e dormir uma sesta debaixo de um sobreiro, com uma temperatura á sombra a rondar os 30ºc. Voltamos a entrar no Algar e só saímos já eram 22h00. Fomos comer umas massas com atum e ovo e fomos até ao café ter com o pessoal. Estivemos por lá até ás 3h00, mas desta vez tínhamos de ir descansar, o Algar da Marradinha II tinha dado conta de nós. Acordamos perto das 8h00 com o barulho de um boi a passar mesmo ao nosso lado. Comemos qualquer coisa e demos por terminada a estadia na Serra de Santo António.
Em meu nome e em nome do Diogo aproveito para agradecer ao pessoal da Bajanca a simpatia e disponibilidade, um bem-haja a todos vós e certamente voltaremos à Bajanca, para nos indicarem mais uns Algares e conviver com o pessoal.
Um Abraço e obrigado por tudo.
Algar da marradinha II
Registo técnico:
Algar da Marradinha II é considerada umas das cavidades de maior interesse espeleológico da freguesia, devido ás suas características geomorfológicas e ao seu potencial de estudo. Encontra-se no Vale do Pombo e tem um desenvolvimento de 500m com uma profundidade máx. de 70metros. Segundo consta, a entrada surgiu devido a uma vaca que com um dos membros forçou o abatimento de uma camada de terra rossa e algumas pedras, que não deixavam ver a fenda existente. Após uma descida de 6 metros surge uma primeira sala, onde podemos encontrar duas direcções que dão para duas salas distintas, a Sala dos Cristais e a Sala do Refeitório que é o inicio da Sala grande, sendo esta última a maior e mais imponente galeria da Gruta. Segue-se um extenso meandro, sendo uma das partes deste meandro a zona mais bonita da gruta pela riqueza e diversidade das formações ali existentes. As restantes galerias começam na Sala Grande, na parede sul, 15m a seguir ao Refeitório, onde podemos encontrar a Sala dos Cristais, a Galeria dos Tubiformes e a Galeria das Argilas.
CANAIS & FERNANDES (1999), in “Lapas e Algares da Serra de Santo António”
Registo Fotográfico:
Inicio da entrada no Algar
Formação em coluna
Recolha de material de um poço
Formações de Estalactites
Individuo perdido
Formação de concreções excêntricas
Tubiformes e concreções excêntricas
Concreções excêntricas
Subida a zona superior de uma das Galerias
Estalactites e tubiformes
Recanto final da Sala Grande
Estalactites e estalacmite
Água 100%natural
Buda feito em argila
Início da subida de um poço
Estalactites
Descida do tecto de uma das Galerias
Benção dos cabos
Dois perdidos (mais um pouco de mãos dadas)
Gado bovino